A cidade da Serra é a locomotiva econômica do Estado do Espírito Santo, com uma receita que gira em torno de dois bilhões de reais anuais e que representa 10% da receita capixaba, fruto do suor de mais de 525 mil habitantes.
Os desafios da cidade que quintuplicou sua população nos últimos anos exigem ousadia, inovação e responsabilidade porque dialogar com ela hoje exige disposição e, principalmente, humidade para entender que é um município plural, cosmopolita, multicultural e com uma série de anseios complexos.
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Nos últimos 30 anos, a cidade passou por um revezamento político bipolar de seu comando, mas os tempos definitivamente são outros, não bastando carregar nas costas o “título de experiente”. Sem desprezar quem já produziu, a população almeja agora ousadia e inovação para enfrentar os desafios que rondam a cidade.
Com o crescimento populacional, áreas sensíveis passam a clamar ainda mais por investimentos, especialmente, na educação, na segurança, na saúde e na geração de emprego e renda – sem dúvidas as bases do desenvolvimento econômico sustentável.
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Atualmente, em contradição à exuberante arrecadação, a Serra possui uma das piores distribuições de renda per capta com apenas R$ 3.884,24, ocupando um triste 74º lugar entre os municípios capixabas.
Em 2022, segundo o novo CAGED, a Serra amargou 6.907 demissões contra módicas 8.065 admissões – um tímido saldo positivo de míseros 0,22% da população como um todo. Para desatentos, o saldo positivo de 1.158 postos de trabalho parece algo a se comemorar, mas como ficam as famílias que passaram a conviver com a triste realidade do desemprego? Quando apenas se fala em números, abandona-se a humanidade que deve nortear as políticas públicas, especialmente, as que geram emprego e renda para a população.
O setor produtivo, notadamente os empreendedores, precisam receber estímulos do Poder Público para, de fato, fomentarem a geração de emprego, renda e dignidade, uma vez que são eles que criam as oportunidades. O Poder Público deve investir e criar condições para o desenvolvimento da população, para que ela possa progredir com seu esforço.
Os investimentos, de uma forma geral, do município em 2022 são claramente maquiados e também não excitam suficiente comemoração. Apesar de os números absolutos parecerem chamativos, cerca de 364 milhões de reais, se divididos por cidadão, alcançaremos um tímido 27º com apenas R$ 700,00 por pessoa, ficando atrás de cidades de menor poder de investimento como Pedro Canário, Dores do Rio Preto, Mucurici e Águia Branca.
Na área de saúde, as propagandas que a Prefeitura enaltece não refletem a realidade suportada pelo agonizante cidadão serrano. Em 2022, segundo o Tribunal de Contas, a Serra ocupou um triste 55º lugar de aplicação per capta em saúde, daí se compreende o sofrimento do cidadão serrano nas filas e as trocas sucessivas de titulares da pasta.
Na educação – onde se investe na formação de cidadãos e de um futuro próspero – a Serra alcançou somente um assustador 59º lugar na aplicação per capta, ao passo que Vitória ocupou um orgulhoso 6º lugar.
A assistência social, área de fomento básico para a dignidade da pessoa humana e de intenso desafio dos gestores, a Revista Finanças dos Municípios Capixabas (2021) alerta que a Serra amarga o 67º lugar de investimento, com deploráveis R$ 87,78 por pessoa. Difícil falar em combate à pobreza dessa forma.
Para fechar um cenário decepcionante de má gestão, a Serra, após anos avaliada em nota A pelo Tribunal de Contas, amargou uma medíocre e inédita nota B, evidenciando declínio e risco no compromisso com a gestão dos compromissos e finanças municipais.
Os desafios são muitos e, naturalmente, exigem humildade, estudo, inovação, equipe, parcerias saudáveis, liderança, ousadia e muita dedicação para enfrentar o que vem pela frente. Não basta mais bater o peito e se orgulhar de experiência com arrogância, pois os números apresentados aqui demonstram que fórmulas que no passado que talvez deram certo, hoje já mostram desatualização e desgaste.
Artigo escrito por: Pablo Muribeca
*Este texto não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Serra Noticiário