Nesta segunda-feira (08), a Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, prendeu Lucas Galvão da Silva de Souza, 24 anos, um traficante de 24 anos acusado de assassinar o motorista Antoniel Soares da Paixão, de 55 anos. O crime ocorreu em agosto deste ano, após a vítima, que estava desaparecida desde o dia 18 daquele mês, ter sido expulsa de sua residência por traficantes e, posteriormente, retornado ao local para tentar vender o imóvel, localizado no bairro Maringá, no município da Serra.
Expulso pelo tráfico de drogas de sua própria casa
Antoniel Soares da Paixão foi expulso de sua chácara por traficantes locais que usavam o imóvel para atividades criminosas. Dois meses após a expulsão, ele voltou ao local para tentar vender a propriedade, mas foi brutalmente assassinado.
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Conforme o delegado adjunto da DHPP Serra, Pedro Henrique, o crime ocorreu depois que Antoniel foi expulso pelos traficantes da região conhecida como “BK”. O motivo teria sido o fato de ele não compactuar com as atividades do tráfico de drogas em sua propriedade.
Inconformado com a situação, Antoniel Soares, então tentou dialogar com os traficantes, pedindo que não usassem sua chácara como base para atividades criminosas e como esconderijo durante fugas da polícia. Porém esse pedido foi visto como uma afronta pelos traficantes, que o expulsaram de sua casa e ameaçaram matá-lo caso ele retornasse.
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O crime
Sendo assim, durante o período em que esteve fora de sua residência, Antoniel Soares tentou vender a chácara para evitar voltar ao local. No dia do crime, ele retornou para negociar a venda do imóvel com um potencial comprador. Enquanto os dois discutiam a venda, Lucas Galvão, o autor do homicídio, avistou a vítima e se aproximou, afirmando que iria matá-lo.
O comprador tentou proteger Antoniel, entrando em luta corporal com Lucas Galvão. Nesse momento, a vítima fugiu em direção à estação de tratamento de esgoto de Maringá, conhecida como “Penicão de Maringá”. Logo após, conter Lucas Galvão por um tempo, o comprador fugiu do local, assustado, e procurou a família de Antoniel para avisar sobre o que havia acabado de acontecer.
No entanto, durante a fuga, um adolescente envolvido com o tráfico avistou Antoniel Soares e informou sua localização a Lucas Galvão. Armado com um pedaço de madeira e com a ajuda do adolescente, Lucas encontrou a vítima e desferiu vários golpes em sua cabeça, matando-a. Em seguida, amarrou suas pernas a uma pedra e jogou o corpo na estação de tratamento de esgoto, na tentativa de ocultar o crime.
Frieza do assassino
A Polícia Civil conseguiu identificar e prender Lucas Galvão no município de Cariacica, poucos dias após o crime. Ele confessou o assassinato e demonstrou frieza ao descrever os detalhes da morte de Antoniel Soares. “Durante o interrogatório, ele deu várias gargalhadas, zombando de Antoniel Soares. E quando questionado se ele havia se arrependido do que fez. Ele afirmou que parecia uma intervenção divina e que Antoniel tinha que morrer naquele dia, como ele havia prometido”, relatou o delegado Pedro Henrique.
Traficante influente entre os moradores da região
Lucas Galvão, mais conhecido como “Galvão” na região de Maringá, era considerado um traficante influente. Logo após alcançar esse status, deixou de vender drogas diretamente para focar no controle da região. Além de atuar no tráfico, ele também mediava conflitos entre moradores, agindo como um “juiz” segundo as regras do crime, o que fortalecia sua reputação local. Conforme o delegado Pedro Henrique, Galvão era extremamente narcisista e gostava de se exibir. “Ele fazia questão de afirmar que tinha poder em suas mãos”, destacou o delegado.
Ação rápida da DHPP Serra
De acordo com o delegado chefe da DHPP Serra, Rodrigo Sandi Mori, a ação rápida das autoridades foi essencial para esclarecer o crime. “O senhor Antoniel era um pai de família, trabalhador, e não tinha qualquer envolvimento com o crime. Essa foi uma resposta imediata e efetiva da DHPP Serra. Apenas 9 dias após o desaparecimento da vítima, o crime foi elucidado e o responsável foi preso, demonstrando que crimes como esse não ficarão impunes. No município da Serra, quem dita as regras é o Estado, não o tráfico. É fundamental ressaltar que o poder paralelo não vai se estabelecer nas comunidades da Serra. Se isso acontecer, vamos investigar, entrar nesses bairros e realizar as prisões necessárias para restabelecer a paz social, como foi feito neste caso”, afirmou o delegado.
Lucas foi indiciado por homicídio qualificado, ocultação de cadáver e corrupção de menores, por ter envolvido um adolescente no crime. O jovem, por sua vez, responderá por ato infracional análogo ao crime de homicídio qualificado e ocultação de cadáver, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).