No último sábado (27), a Justiça soltou Sara Reis Santos Moraes, de 31 anos, dona da creche clandestina localizada no bairro Serra Dourada II, no município de Serra, onde Bernardo Pereira, um bebê de 1 ano e 10 meses, morreu.
Sara, que estava no Centro Prisional Feminino de Cariacica, foi liberada após receber um alvará de soltura, conforme confirmou a Secretaria de Estado da Justiça (SEJUS). Ela havia sido detida no dia 22 de julho, após a Polícia Civil (PCES) cumprir um mandado de prisão expedido pela Justiça.
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Funcionamento irregular da creche
Conforme o laudo médico, Bernardo morreu asfixiado em 18 de setembro de 2023 enquanto dormia na creche “Espaço Cantinho do Nenê”, localizada em Serra Dourada II. Na ocasião, o pai do bebê, Breno Freitas, relatou que a responsável pelo local demorou cerca de uma hora e meia para perceber que algo estava errado após a soneca das crianças.
Sara Reis foi indiciada por homicídio qualificado por dolo eventual, após as investigações indicarem que a creche operava de forma irregular e que o socorro à criança foi inadequado. A Prefeitura da Serra confirmou a irregularidade do funcionamento da creche na mesma semana da morte de Bernardo.
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O Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) ainda não informou o motivo da soltura de Sara Reis.
Detalhes da prisão
No dia da prisão de Sara Reis, o delegado Josafá Silva, titular do 10º Distrito Policial da Serra, destacou que a morte do bebê foi causada por asfixia e que a creche não tinha autorização para funcionar. Ele também mencionou que o socorro à criança não ocorreu de forma adequada.
Sara foi presa sete meses após a conclusão do inquérito, finalizado em 19 de dezembro de 2023. Em uma coletiva realizada no dia 22 de julho, a Polícia Civil informou que havia solicitado a prisão preventiva de Sara, mas o pedido foi negado inicialmente. O Ministério Público Estadual (MPES) fez uma nova solicitação no início de julho, resultando na expedição do mandado de prisão.
Morte do bebê
A reportagem do Serra Noticiário cobriu o caso que ocorreu em 19 de setembro de 2023, quando Bernardo Pereira morreu engasgado enquanto dormia em uma creche na Serra.
Familiares de Bernardo criticaram a falta de ação da cuidadora, dizendo que ela não pediu ajuda às pessoas ou estabelecimentos próximos, como farmácias e uma academia. Eles afirmaram que a mãe de Bernardo, que trabalha em Laranjeiras, precisou chegar à creche para chamar o Samu, caracterizando o caso como negligência.
Versão de Sara sobre o ocorrido
Em uma entrevista concedida exclusivamente ao Balanço Geral na última terça-feira (31), Sara Reis Santos Moraes contou o que ocorreu no dia da morte de Bernardo Pereira.
Visivelmente emocionada, Sara disse que, após dar almoço para os bebês menores, os colocou para dormir, incluindo Bernardo, e em seguida foi dar banho em duas crianças maiores. Ela mencionou que mantinha a porta do banheiro aberta para poder acompanhar as outras crianças.
Por volta das 14h30, Sara tentou acordar as crianças para participarem de outras atividades e brincadeiras, e, naquele momento, percebeu desesperada que Bernardo não acordou.
Sara contestou a versão da Polícia Civil e dos familiares de Bernardo, que afirmaram que ela demorou para prestar socorro à criança.
Ela disse que, ao perceber que Bernardo não estava bem, correu imediatamente para a rua e pediu ajuda aos vizinhos, e que algumas pessoas entraram na creche para ajudá-la. Logo após, ela ligou para a mãe da criança e para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
Durante a entrevista, Sara contou que abriu a creche porque estava desempregada e, no dia da morte de Bernardo, estava sozinha cuidando de 11 crianças. Ela chegou a contratar uma pessoa para ajudá-la, mas dispensou a ajudante ao perceber que as crianças não davam tanto trabalho para serem cuidadas. Segundo Sara, as crianças eram muito comportadas quando estavam aos seus cuidados.
Sara reconheceu que não era profissional na área, mas disse que foi o meio que encontrou para ter uma renda, ajudar sua família e cuidar de seus filhos. Emocionada e com lágrimas nos olhos, afirmou que ainda não teve a chance de conversar com a mãe de Bernardo, e que só queria que ela soubesse que amou muito o pequeno Bernardo e as outras crianças.
Durante a matéria, a reportagem do Balanço Geral também conversou com Islaine, a mãe de Bernardo, que disse saber que seu filho não vai voltar, mas espera que a justiça seja feita e que Sara pague pelo que fez com Bernardo.
A reportagem do Serra Noticiário continuará acompanhando o caso e atualizará os leitores quando houver novas informações.