Na noite da última sexta-feira (03), por volta das 23 horas, um homem morreu após ter sofrido um surto, invadindo o condomínio Mar Mediterrâneo, onde teria sido agredido por um morador na orla da praia de Itaparica, município de Vila Velha.
O homem morto foi identificado como Georg da Silva Campos, de 34 anos, morador de Linhares, natural da cidade de São Mateus, onde era conhecido desde sua infância como Gugu ou Gudera.
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O turista trabalhava no ramo de metalurgia e estava aproveitando a folga, hospedado em um hotel na orla de Itaparica, há quase 300 metros de onde faleceu. O Georg foi velado e enterrado na última terça-feira em São Mateus, deixou uma esposa e uma filha.
De acordo com as informações apuradas pela reportagem, Georg havia chegado na sexta-feira e se hospedado no hotel para passar o final de semana na orla da praia de Vila Velha.
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A reportagem conversou com funcionários do hotel, que relataram que ele havia se hospedado no quarto 306, saído por volta das 21 horas e voltado logo com uma sacola contendo garrafas de cerveja. Por volta das 22 horas, o turista voltou a recepção alucinado falando que estava sendo perseguido, os funcionários tentaram o acalmar, mas sem sucesso. Em seguida, Georg saiu correndo em direção a orla da praia.
Na frente do condomínio Mar Mediterrâneo, o turista em surto, arrombou a porta de vidro da portaria e tomou o elevador até o 8º andar onde teria sido surpreendido por moradores. Versões conflitantes de que o turista teria sido agredido após ser confundido como sendo ladrão ou apenas contido.
O turista foi imobilizado, teve suas mãos amarradas para trás com um fio, conforme imagens compartilhadas em grupos de WhatsApp, em que aparece um suspeito das agressões pisando sobre sua garganta do Georg mesmo estando imobilizado como se ele fosse um ladrão. Levando a suspeita de racismo estrutural tenha sido a motivação das eventuais agressões. Em seguida a Polícia Militar foi acionada.
Ainda de acordo com as informações apuradas pela reportagem, a equipe da Polícia Militar, que atendeu a ocorrência, informou que encontrou o homem amarrado com fio de eletricidade, um ferimento na cabeça e diversas escoriações pelo corpo.
Os militares fizeram uso de spray de pimenta mesmo com Georg imobilizado e algemado pelos militares. Já dentro da gaiola da viatura, os militares notaram que o turista teria ficado sem pulso, uma equipe do SAMU foi acionada no local e constatou o óbito.
A reportagem fez contato com a Polícia Militar, no intuito de esclarecer se é realmente necessário utilização de spray de pimenta em pessoas algemadas?
Por meio de nota, a PM informou que o indivíduo resistiu a abordagem e desacatou todas as ordens de parada dadas pelos policiais, que, diante do risco da integridade física da equipe e de outras pessoas que se faziam presentes no local, precisaram fazer uso de equipamento não letal para imobilizar o homem.
Diante da resposta, a reportagem confrontou a nota da PM.
Pois informações repassadas por testemunhas a investigadores da Polícia Civil, o turista morto, já estava imobilizado e desmaiando quando teria sido utilizado spray de pimenta pelos Policiais Militares. Mais uma demonstração de possível racismo estrutural contra o turista.
Foi solicitado também o contato da corregedoria da PM, pois a versão apresentada pela PM não corresponde com o relato de testemunhas. Mas nenhum retorno até o momento.
A reportagem obteve informações de uma testemunha que denunciou aos militares que o Georg foi agredido por um morador do condomínio.
Porém, outros dois pontos chamaram atenção dos militares, foi o desaparecimento do fio utilizado para imobilizar o turista, é o fato dele ter sido levado pelos moradores até um local na garagem que não possui cobertura de câmeras de videomonitoramento, reforçando a hipótese de espancamento antes da chegada da Polícia Militar ao local.
A reportagem teve oportunidade de conversar com um Policial Civil, um dos investigadores responsáveis pelo caso, que confirmou que a morte do turista está sendo investigada pela Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. Foi relatado que nada foi encontrado pelos investigadores no quarto do hotel, apenas comprimidos de um poderoso calmante dentro do veículo do Georg, que estava estacionado dentro do estabelecimento.
Suspeitas levantadas por familiares de que o turista que a mistura de calmante, com álcool e entorpecente, tenha sido motivo do surto.
A reportagem também procurou a Polícia Civil e questionado como o caso teria sido registrado na DHPP Vila Velha.
A Polícia Civil informou que o caso foi registrado como morte a esclarecer. O corpo da vítima foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, para ser identificado e para ser feito o exame cadavérico.
Apenas após os exames será possível confirmar a causa da morte. O procedimento foi encaminhado para a Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, que aguarda os resultados dos exames.
A reportagem continuará acompanhando o caso.
A Polícia Civil destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181, que também possui um site onde é possível anexar imagens e vídeos de ações criminosas, pelo link a seguir disquedenuncia181.es.gov.br
O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.