Exclusivo: irmãos agredidos por agentes na praia de Jacaraípe conversam com Serra Noticiário

No último domingo (02), o Serra Noticiário repercutiu o caso dos três agentes da Guarda Civil Municipal da Serra, flagrados agredindo dois banhistas na praia de Jacaraípe. O caso ganhou espaço na mídia e gerou indignação da população. Apesar das críticas de membros da própria GCM, o Serra Noticiário não poupou esforços para apurar este caso a fundo.

Relembre o caso:

1. Vídeo: agentes da Guarda da Serra são flagrados perdendo a linha durante abordagem na praia de Jacaraípe
   
2. Editorial: Agente da GCM ataca o Serra Noticiário e acaba desmoralizado pelos internautas
   
3. Agentes que aparecem em video agredindo banhistas em Jacaraípe apresentam versão diferente do BO
   
4. Exclusivo: Serra Noticiário tem acesso ao depoimento de um dos irmãos agredidos pelos agentes em Jacaraípe

Serra Noticiário tem entrevista exclusiva com os irmãos agredidos em Jacaraípe

Logo após conseguir com exclusividade o depoimento à Polícia Civil dos dois irmãos agredidos pelos agentes, o Serra Noticiário foi em busca de um contato direto com as vítimas neste caso. A reportagem conseguiu contato com Jocimar Pereira Batista, o irmão mais velho que aparece sendo agredido ao lado de seu irmão mais novo, Fabrício, ambos moradores de Vila Nova de Colares.

Abordagem e agressões repentinas

Jocimar alegou que após o ocorrido, os agentes levaram seu aparelho celular e não devolveram. De modo que, o homem precisou se comunicar por meio do telefone da esposa. Jocimar conta que chegou de carro com o irmão no último domingo (02), por volta de 16h30, quando estacionaram o veículo e se dirigiram até um quiosque para comprar bebidas.

Em seguida, viram os agentes vasculhando o seu carro e estranharam a cena. Logo que os agentes perceberam que os dois irmãos estavam vendo toda a situação, Jocimar alega que imediatamente se aproximaram com a arma em punho e dando voz de prisão.

Os irmãos teriam colocado as mãos sobre a cabeça e não ofereceram reação à abordagem. Mesmo assim, Jocimar conta que os agentes já chegaram usando de força e spray de pimenta, a todo momento os mandando calar a boca e nem sequer dando explicações dos motivos ou suspeitas de estarem sendo presos.

O homem ainda conta que os agentes ficaram ainda mais irritados quando perceberam que uma testemunha estava registrando toda a ação em vídeo. Neste momento que esse cinegrafista amador também acabou preso.

“Quando perceberam que nós estava olhando de mais vieram com a arma em punho apontando pra nois , eu e meu irmão Fabrício perguntamos qual foi o motivo da abordagem, colamos a mão na cabeça respeitando a abordagem, nos identificamos como trabalhadores mandaram nois cala a boca , rasgaram nosso dinheiro que estava em cima da mesa e mandando nos colocar a mão na cabeça, mesmo com nós com a mão na cabeça eles jogaram spray de pimenta no nosso rosto , e nois perguntando a todo momento o motivo da abordagem, e eles a todo momento mandava nós calar a boco, e as agressões continuavam como relata o vídeo“

Mais agressões dentro da delegacia

Quando questionado sobre como foi a chegada na delegacia da Serra, Jocimar conta que ele e seu irmão ainda foram mais agredidos e a todo momento sendo chamados de ratos pelos agentes, que não ofereceram provas físicas dessas acusações.

“Falaram que nós era rato e bateu em nois na delegacia e no rapaz que filmou, e picou a cabeça do rapaz na parede e ameaçava de levar nois pra da uma volta no carro deles para bater mais na gente se nois não calasse a boca”

Após prestarem depoimento, os irmãos só foram liberados por volta de 20h, sem os pertences e o dinheiro que estavam em mãos. Ou seja, toda a ação durou cerca de 4h. Jocimar conta que prestou queixa na corregedoria da GCM, mas até o momento não recebeu atualizações sobre o caso.

Lesões físicas e emocionais

Jocimar contou que ele e seu irmão ficaram com sequelas físicas das agressões, como feridas e inchaço em determinadas regiões do corpo. O homem de 29 anos passou por cuidados médicos na UPA, onde recebeu um atestado médico devido às lesões, e está de licença das atividades de gari que exerce na região de Jacaraípe.

O homem agora conta que sente medo de andar na rua, já que esses mesmos agentes continuam em rota e não receberam nenhum tipo de punição. Portanto, existe um receio de novamente cruzar o caminho desses mesmos agentes e possivelmente passar pelos mesmos problemas.

Apesar das agressões já terem ocorrido há 10 dias, as marcas ainda são aparentes, como inchaços, lesões de algemas e outros tipos.

Prefeitura se nega a falar com a reportagem

Como sempre, o Serra Noticiário exerce seu papel jornalístico de dar voz à todas as partes envolvidas no caso, de modo que a população possa ter acesso às diferentes versões e tirem suas próprias conclusões. No entanto, de uns meses para cá, a assessoria da Prefeitura Municipal da Serra cortou contato com o Serra Noticiário.

Por consequência, o SN não tem mais acesso a todos os setores sob comando da PMS, incluindo a Guarda Civil Municipal. Mesmo assim, entramos em contato com a assessoria pedindo explicações e um pronunciamento sobre o ocorrido, mas até o momento desta publicação não obtivemos respostas.

O Serra Noticiário continua acompanhando o caso de perto e trará novas informações assim que possível.