A jovem prestou depoimento à Polícia e disse que “apagaram” após uso um “quadradinho de papel” e vinho. Mas o ácido lisérgico (LSD), não causa sono ou amnésia, pelo contrário, o ácido tem efeito estimulante e também provoca alucinações, paranóia e delírios
A namorada do rapaz estripado, identificada como Livia, prestou depoimento à Polícia Civil de Guarapari, nesta segunda-feira (31), a jovem diz que ela e o namorado usaram entorpecente, “um quadradinho de papel”, após beber vinho.
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A jovem de 20 anos que estava em uma praia em Guarapari com o namorado, quando ele teve a barriga aberta e o intestino retirado, contou que o casal fez uso de LSD e álcool no local. Ela também os contou “apagaram” depois de usar. Tudo foi dito em depoimento para a Polícia Civil de Guarapari na noite desta segunda-feira (31).
Segundo o Advogado Lécio Machado, a moça relatou que os dois utilizaram, pela primeira vez, um quadradinho e papel, mas não soube informar mais detalhes, por não se lembrar do que aconteceu após o uso da droga. Ainda não foi marcado o dia em que o rapaz irá prestar seu depoimento. A informação do advogado é que está sendo aguardada a recuperação dele.
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Segundo o advogado, a jovem relatou a que eles chegaram ao Parque do Morro da Pescaria, na Praia do Morro em Guarapari, entre 20:30 e 21:30 e não acessaram a praia pela entrada principal, mas pelas pedras à beira-mar. E disse que assim como eles, vários pescadores também passavam pelo local.
Contou ainda que andaram pela trilha, por cerca de 800 metros, até chegar à praia. Informou que não estavam sozinhos, que havia pescadores nas pedras um pouco distantes. “Ouvira música, beberam vinho, entraram no mar e aí fizeram uso da droga. Diz que foi um quadradinho de papel que usaram pela primeira vez e que não se recorda do nome (da droga). Depois disso ela não se recorda do que aconteceu”.
Retomaram a consciência durante a madrugada
De acordo com o advogado, a jovem retomou a consciência durante a madrugada. “Ela não lembra direito, mas a mãe dela conta que a jovem atendeu a uma ligação por volta das 2h da manhã, onde acabou pedindo ajuda. Conta que ao acordar, percebeu que o namorado estava com a cabeça em seu colo e que ele sentia dor, mas não conseguia entender o que tinha acontecido”.
Depois disso ela foi até a guarita do parque para pedir ajuda, segundo o advogado. O pai da jovem, que tinha sido acionado pela mãe dela depois da ligação, estava chegando no local. “O pai da menina foi o primeiro a prestar socorro aos dois. O rapaz estava com um corte na barriga e ainda outros na orelha, cabeça, perna e sangrando. O pai e o vigia perceberam que ele também estava com o intestino exposto”.
A jovem também estava ferida, com a cabeça machucada, cortes nas pernas, mãos e hematomas no braço. “Não foi constatado abuso sexual, mas ela não se recorda como aquilo foi feito”, diz o advogado.
De acordo ainda com o advogado, somente entre 5h e 6 horas, depois de serem socorridos, é que foi encontrado na praia partes do intestino do jovem. E que foi constatado que o material deles estava revirado, um celular havia sumido, assim como R$ 80 e os cartões de crédito.
LSD
Albert Hofmann descobriu a droga alucinógena LSD. O químico suíço da Sandoz fez a descoberta por acaso em 16 de abril de 1943, ao aspirar por descuido uma pequena quantidade de pó no laboratório, segundo o relato de Hofmann, teve alucinações ao ponto de ver elefantes andando de bicicleta pelas ruas.
O químico suíço Albert Hofmann estava à procura de um estimulante da circulação sanguínea quando se deparou com o fungo do centeio. Este fungo era muito temido na Idade Média como causa de pestes, o que lhe rendeu o nome de “vingança divina”. Mas, ao mesmo tempo, sabia- se que ele tinha também efeitos positivos, por exemplo, o de conter hemorragias no parto.
Não foram, porém, as propriedades medicinais e, sim, os efeitos alucinógenos que transformaram o LSD (dietilamina de ácido lisérgico) numa das colunas do movimento hippie dos anos 60. A Sandoz, naturalmente, tentou lucrar com a descoberta, encarregando cientistas para testarem a droga na psiquiatria. O medicamento foi lançado no mercado sob o nome “Delysid”, para tratamento de fobias e neuroses, mas com a advertência de que provocava alucinações.
Como pioneiro involuntário, Hofmann não tinha noção da dosagem correta da droga. Ele disse que “os objetos e o aspecto dos colegas de trabalho pareciam sofrer mudanças ópticas. Não conseguindo me concentrar em meu trabalho, num estado de sonambulismo, fui para casa, onde uma vontade irresistível de me deitar apoderou-se de mim. Fechei as cortinas do quarto e imediatamente caí em um estado mental peculiar, semelhante à embriaguez, mas caracterizado por fantasias de imaginação. Com os olhos fechados, figuras fantásticas de extraordinária plasticidade e coloração surgiam diante de meus olhos”.
Consumo em massa nos anos 60
Enquanto o resultado do uso psiquiátrico era pouco satisfatório, os das experiências como entorpecente despertaram o interesse dos movimentos alternativos dos anos 1960. E não só isso: já em meados dos anos 50, o serviço secreto norte-americano (CIA) havia comprado todo o estoque de LSD da Sandoz para usá-la como “droga da verdade”.
Caducada a última patente da Sandoz, no início dos anos 60, a droga passou a ser consumida em massa. Ela era propagada pelos meios de comunicação e por escritores como Aldous Huxley. Artistas famosos, como Jimi Hendrix e os Beatles, ajudaram a criar o culto ao alucinógeno. O principal guru, no entanto, foi o professor americano Timothey Leary, que considerava o LSD “um caminho imperial para uma nova consciência”.
Não demorou até que surgissem as primeiras histórias de horror da subcultura psicodélica. Como a droga provoca alterações visuais, despersonalização e até a sensação de que se pode voar, ocorriam casos de suicídios em que dependentes de LSD saltavam de pontes e viadutos. Muitos acabaram internados em clínicas psiquiátricas, onde o LSD ainda é usado em doses mínimas como terapia.
Estudos científicos demonstraram que, mesmo depois de parar de consumir a droga, há um fenômeno de ação retardada (flash-back) que pode ter consequências graves. O excesso no consumo provoca a morte. As alterações de ânimo, do pensamento e, sobretudo, da percepção assemelham-se às verificadas na esquizofrenia.
Consciente dos problemas que acompanhariam sua descoberta, o químico Albert Hofmann dizia que o ideal seria termos duas vidas: uma com e outra sem LSD.
Albert Hofmann morreria de ataque cardíaco aos 102 anos de idade em abril de 2008.