A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), por meio da 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, prendeu um homem de 27 anos, no bairro Cristóvão Colombo, em Vila Velha, na última quinta-feira (08). Ele é suspeito de ser o líder de uma organização criminosa responsável por uma grande sequência de estelionatos praticados em todo o País, que implicava na subtração de todo o dinheiro mantido pelas vítimas em contas abertas numa instituição bancária.
As investigações tiveram início em 2020, quando uma operadora de telefonia apresentou uma notícia crime à Polícia Civil. Uma longa investigação foi então realizada por meio de diversas buscas e diligências nas cidades de Guarapari e Vila Velha. Segundo foi informado pela operadora, criminosos estavam se apoderando das linhas telefônicas das vítimas.
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Durante as diligências, ficou constatado que os criminosos, uma vez em poder de chips correspondentes às linhas telefônicas das vítimas, conseguiam obter os códigos de verificação necessários à instalação de aplicativos bancários. Após ter acesso a conta bancária da vítima, eles conseguiam subtrair todo o dinheiro. Essa organização criminosa atuava também em outros estados da federação com ramificações até em outros países.
A célula dessa organização criminosa que atuava no Espírito Santo era responsável apenas pela fase relacionada à obtenção fraudulenta dos chips correspondentes às linhas telefônicas das vítimas. Em seguida, a organização enviava para comparsas em atuação até mesmo fora do País os códigos de verificação recebidos via SMS, com o emprego dessas linhas. Com esses códigos, era possível, em boa parte das vezes, o acesso às contas das vítimas.
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Foi apurado que a organização criminosa, por pouco menos de seis meses, conseguiu se apropriar de, aproximadamente, 1.000 linhas telefônicas com a ajuda de dois funcionários de empresa terceirizada que trabalhavam em shoppings da Região Metropolitana da Grande Vitória (Vitória e Vila Velha).
O primeiro desses funcionários, com a ajuda da operadora, foi identificado pela Delegacia de Crimes Cibernéticos ainda em 2020. Porém, na ocasião, não foi evidenciada toda a dimensão do crime e o referido infrator foi liberado mediante a lavratura de um termo circunstanciado. O segundo funcionário só foi identificado agora, com a conclusão das apurações e a realização da prisão de um dos líderes do grupo. A principal liderança da organização no Espírito Santo permanece foragida.
Ao todo, dez pessoas foram indiciadas. Porém, a Polícia Civil pediu, com sucesso, a prisão apenas das duas lideranças da célula capixaba da organização criminosa. Isso porque os demais envolvidos que tiveram participação menor no crime são dotados de bons antecedentes e colaboraram com as apurações. O delegado adjunto da 2ª Delegacia Regional de Vila Velha, Guilherme Eugênio. explicou que a experiência revela que a Justiça dificilmente aceitaria prender, antes da conclusão do processo, esses infratores menos importantes na estrutura da organização criminosa.
“Embora se saiba que cerca de 1.000 pessoas foram vitimadas pela célula local dessa organização, toda com atuação em Vila Velha, apenas 24 delas foram identificadas. Nenhuma delas é do Espírito Santo. Trata-se de moradoras de dez outros estados da federação”.
Guilherme Eugênio
Delegado adjunto da 2ª Delegacia Regional de Vila Velha
Com a ajuda das polícias civis de outros dez estados e da instituição bancária, foi apurado que apenas seis das 24 vítimas identificadas chegaram a reportar ao banco ou à Polícia Civil a invasão nas contas bancárias delas. Ao todo, foram subtraídos delas mais de R$ 230 mil;
É natural que nem todas as vítimas tenham chegado a sofrer prejuízos financeiros efetivos, explicou a Polícia Civil. É que, para o sucesso completo do crime, é necessária ainda a atuação de uma outra célula da organização criminosa, dedicada à obtenção fraudulenta das senhas bancárias das vítimas. Com o emprego de histórias falsas, outros criminosos procuravam enganar as vítimas, de modo a fazer com que elas, induzidas a erro, digitassem suas senhas bancárias em sites falsos do banco, abertos com o emprego de links de acesso maliciosos.
A organização é dividida em três funções: os recrutadores, que é quem alicia os demais personagens e que não aparecem diretamente na ação criminosa, além de não terem seus nomes vinculados a essa atividade e se exporem a um risco menor; os ativadores, que são os funcionários da operadora que promovia a transferência fraudulenta da titularidade de linhas telefônicas a integrantes da organização; e os atores, os que assumem a titularidade da linha telefônica e comparecem na loja para ter o chip fraudulentamente obtido.