Na última segunda-feira (30), a Secretaria da Saúde (SESA) do estado do Espírito Santo, alertou sobre os riscos à saúde associados ao uso de Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), popularmente conhecidos como cigarros eletrônicos ou vapes. Esses dispositivos, embora sejam vistos como uma alternativa ao cigarro tradicional, também são derivados do tabaco e estão associados ao tabagismo, uma doença crônica causada pela dependência de nicotina. A secretaria destaca os perigos desses dispositivos.
Entre os principais alertas, destaca-se que, no Brasil, é proibida a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de todos os Dispositivos Eletrônicos para Fumar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) reforçou em 2023, através da Resolução da Diretoria Colegiada RDC Nº 855, a proibição do uso de quaisquer dispositivos eletrônicos para fumar em ambientes coletivos fechados.
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Principais riscos
Outra preocupação é que o uso de cigarros eletrônicos pode ser uma porta de entrada para o consumo de outras formas de tabaco, levando à dependência. A pneumologista do Centro Regional de Especialidades (CRE) Metropolitano, Kristiane Rocha Moreira Soneghet, explica que esses dispositivos contêm nicotina e outros atrativos, como aromas, que podem incentivar o hábito. “Esses dispositivos têm um grau de nicotina que pode levar a outras formas de tabagismo, mantendo a dependência”, afirmou a pneumologista.
Segundo a médica, os cigarros eletrônicos se popularizaram especialmente entre os jovens devido aos sabores e odores atraentes, mas é crucial que todos entendam os riscos. “A ideia de que esses dispositivos são inofensivos dificulta a conscientização sobre seus malefícios, tornando os usuários mais resistentes a parar de fumar. A maioria das essências contém nicotina e outras substâncias nocivas, como o vapor que não é apenas água. Essas substâncias podem irritar as vias aéreas e os pulmões, causando desde irritações até inflamações graves, como a EVALI”, explicou Kristiane Rocha Moreira Soneghet.
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A EVALI é uma lesão pulmonar grave associada ao uso de cigarros eletrônicos ou vaporizadores, que pode levar à insuficiência respiratória e necessidade de internação em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).
Além da EVALI, a exposição à fumaça dos cigarros eletrônicos pode causar irritação na mucosa nasal, rinite, tosse e agravar doenças preexistentes, como asma e Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). “Há também os riscos de doenças cardiovasculares, como infarto do miocárdio e doenças circulatórias periféricas, como trombose. Além disso, tanto os cigarros convencionais quanto os eletrônicos contêm substâncias cancerígenas”, informou a pneumologista.
Proibidos no Brasil
Os cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil pela Anvisa desde 2009, com revisões periódicas sobre o tema. No entanto, apesar da proibição, o uso desses dispositivos tem crescido no país.
No Brasil, é proibida a fabricação, importação, comercialização, distribuição, armazenamento, transporte e propaganda de todos os Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), além do uso desses dispositivos em ambientes coletivos fechados.
No Espírito Santo, a Vigilância Sanitária Estadual (VISA), em conjunto com o Instituto Estadual de Proteção e Defesa do Consumidor (PROCON), a Delegacia do Consumidor e o Ministério Público Estadual (MPES), apoia os municípios na fiscalização e promoção de ações educativas para a população, especialmente para os jovens, que são os maiores usuários desses dispositivos.
Como denunciar
As denúncias sobre o uso e comércio de cigarros eletrônicos podem ser feitas pelos canais da Ouvidoria SUS, pelo e-mail [email protected], pelos telefones (27) 3347-5732 ou 3347-5733, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h, ou presencialmente na sede da Secretaria da Saúde, na Enseada do Suá, em Vitória. Também é possível realizar manifestações pelo Sistema E-OUV, da Ouvidoria Geral do Estado, através do link: (E-OUV ES)
O que são os cigarros eletrônicos?
Os cigarros eletrônicos são considerados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEF), segundo o Ministério da Saúde. Funcionam com uma bateria que aquece uma solução líquida, produzindo um aerossol que é inalado pelo usuário. Esta solução contém principalmente nicotina, propilenoglicol ou glicerol e aditivos de sabor. Esses produtos possuem substâncias cancerígenas, metais pesados e produtos usados na indústria alimentícia.
Embora muitos acreditem que esses dispositivos são menos nocivos que os cigarros convencionais, a realidade é que ambos são prejudiciais à saúde. A principal diferença está na apresentação: os dispositivos eletrônicos oferecem sabores e aromas agradáveis, criando uma falsa impressão de segurança.
A nicotina, presente na maioria das soluções usadas nos DEFs, é uma droga psicoativa que causa dependência e danos pulmonares. A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que todas as formas de tabaco são prejudiciais e que não existe um nível seguro de exposição.
O SUS oferece tratamento para o controle do tabagismo
Enquanto os malefícios do cigarro convencional são mais aparentes, o cigarro eletrônico se disfarça como algo recreativo e inofensivo. No entanto, ambos são prejudiciais. Parar de fumar é sempre a melhor opção.
No Espírito Santo, o Programa Estadual de Controle de Tabagismo, da Secretaria da Saúde, trabalha para reduzir o tabagismo, capacitando municípios para implantar o programa e apoiando campanhas educativas e ações de conscientização, promovendo comportamentos e estilos de vida saudáveis.
Pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o tratamento ao fumante é oferecido em 63 municípios, através de equipes multidisciplinares. O acompanhamento inclui abordagem cognitiva-comportamental, avaliação clínica do grau de dependência e inserção em grupos de apoio. O SUS oferece repositores de nicotina (adesivos e gomas de mascar) e antidepressivos conforme a avaliação clínica.
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