Nesta terça-feira (05), a Polícia Civil do Espírito Santo, através da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, anunciou a elucidação de um assassinato que chocou a população da cidade da Serra pela sua crueldade. Caique Conceição Moreira, de 16 anos, foi encontrado morto em 4 de abril deste ano, na Rodovia Audifax Barcelos, no município da Serra.
O adolescente, que já havia se envolvido com o tráfico de drogas no bairro Jacaraípe e ostentava armas em redes sociais, foi assassinado em um crime com características de execução, envolvendo membros de facções criminosas.
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Envolvimento com facções e a fatalidade no baile
Caique, ao lado de dois amigos, foi a um baile no bairro Jardim Bela Vista, área controlada por uma facção rival. Durante o evento, sua presença e histórico no tráfico chamaram a atenção dos traficantes locais, especialmente por ele estar com uma réplica de fuzil no pescoço. Ao término da festa, quando Caique e seus amigos estavam saindo do local, ele foi surpreendido por Tiago dos Santos, conhecido como “TH,” e o adolescente João Vítor, ambos armados com revólveres calibre 38. Os amigos de Caique foram dispensados, enquanto ele foi rendido e levado para um local ermo, onde sofreu agressões até ser morto.
A execução cruel
Conforme depoimentos e confissões dos envolvidos, Caique foi brutalmente agredido enquanto era conduzido para o local da execução, um pasto na região de Jardim Bela Vista. Durante o trajeto, ele foi atingido com uma coronhada na boca, perdendo um dente.
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No pasto, em desespero, Caique suplicou por sua vida, mas João Vítor efetuou o primeiro disparo, fazendo-o cair no chão. Outro adolescente efetuou mais três disparos, e, ao perceberem que ele ainda respirava, Davi de Oliveira Santos, conhecido como “Cabelinho,” utilizou uma enxada para desferir golpes fatais em sua cabeça.
Tentativa de ocultação e carbonização do corpo
Após o assassinato, os criminosos decidiram ocultar o corpo para dificultar as investigações. Na madrugada, Tiago e Davi retornaram ao local e, para eliminar vestígios, jogaram gasolina sobre o corpo de Caique e o incendiaram. Em seguida, enterraram o corpo no pasto. A ação suspeita chamou a atenção de moradores, que denunciaram o ocorrido à Polícia Civil.
Posteriormente, Jonathan Ricardo Souza do Carmo, de 33 anos, apontado como líder do tráfico em Jardim Bela Vista e identificado como mandante do crime, ordenou que o corpo fosse desenterrado e descartado em outro local. Assim, o corpo de Caique foi abandonado na Rodovia Audifax Barcelos, onde a DHPP da Serra o encontrou em avançado estado de decomposição e carbonização.
“Eu tenho 12 anos e meio como delegado e 10 anos e meio trabalhando na DP (Delegacia de Homicídios da Serra). E foi um dos casos que mais me chamou a atenção, pela crueldade, pela covardia e pela sucessão de golpes que a vítima foi morta. Ela foi rendida, agredida, recebeu coronhadas, foi alvejada por disparos de arma de fogo, golpeada com enxadadas na cabeça, jogaram gasolina no corpo, atearam fogo e, por fim, enterraram a vítima ali no pasto. Posteriormente, quatro dias depois, eles ainda desenterraram o corpo e o desovaram na rodovia Audifax Barcelos, enrolado em um lençol, com o corpo todo despedaçado, carbonizado e sujo de areia”.
Rodrigo Sandi Mori
Delegado chege da DHPP Serra
Investigações e prisões
O delegado Rodrigo Sandi Mori, chefe da DHPP Serra, afirmou que, após a descoberta do corpo, a Polícia Civil intensificou as investigações e a pressão sobre o tráfico na região. Foram identificados cinco envolvidos diretamente no crime: Jonathan Ricardo, Tiago dos Santos “TH”, Davi de Oliveira Santos “Cabelinho” e dois adolescentes, incluindo João Vítor, que morreu em confronto com a Polícia Militar em 13 de maio. Em 30 de agosto, operações nos bairros Vista da Serra I e Jardim Bela Vista resultaram nas prisões de Tiago e Davi, enquanto Jonathan permanece foragido.
Os dois indivíduos maiores de idade foram indiciados por homicídio qualificado, motivo torpe, meio cruel, impossibilidade de defesa da vítima, associação criminosa, corrupção de menores e ocultação de cadáver.
Os adolescentes envolvidos foram responsabilizados por atos infracionais correspondentes. Ambos os adolescentes confessaram o crime detalhadamente, revelando a dinâmica, motivação e autoria durante o interrogatório, na presença de seus responsáveis legais.
Já Tiago e Davi admitiram que estavam no baile, mas negaram participação no assassinato, apresentando contradições em seus depoimentos. Segundo o delegado, as evidências técnicas individualizam a conduta de cada um dos envolvidos.
Vídeo YouTube SN:
A reação da família e a motivação do crime
A família de Caique, que inicialmente desconhecia o envolvimento do adolescente com o tráfico, ficou chocada ao descobrir imagens dele com armas no celular após sua morte. Ainda de acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, o assassinato foi motivado por disputas territoriais entre facções e pela tentativa de elevar a posição dos menores na hierarquia do tráfico. Durante o interrogatório, o adolescente descreu o crime de maneira fria, mesmo na presença de seus familiares.
O laudo cadavérico de Caique apontou que ele sofreu traumatismo cranioencefálico devido aos golpes de enxada, além de carbonização. Devido à gravidade das lesões, não foi possível determinar se ele ainda estava vivo ao ser incendiado.
O delegado Rodrigo Sandi Mori destacou que a Polícia Civil continua em busca do foragido Jonathan Ricardo Souza do Carmo. Qualquer pessoa que tenha informações sobre o paradeiro dele pode entrar em contato com a Polícia Civil pelo Disque Denúncia 181 ou pelas redes sociais da DHPP Serra de forma anônima.
Sabe de algo?
A Polícia Civil sempre destaca que a população tem um papel importante nas investigações e pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia (181) ou do perfil oficial da Delegacia de Homicídios Serra no Instagram: @DHPP.Serra
O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas.