Nesta semana, a reportagem do Serra Noticiário soube do caso de Keila Barbosa Siqueira, de 27 anos, moradora do bairro Cidade Pomar, na Serra, que faleceu após complicações no pós-operatório de uma cesárea realizada no Hospital Materno Infantil da Serra, no último dia 14. A família acusa os médicos responsáveis pelo parto de negligência médica que causou a morte da paciente.
Gestante morre com suspeita de negligência médica
A reportagem entrou em contato com o marido de Keyla, que esteve com a mulher em todos os momentos desde o parto da criança até o óbito, na última segunda-feira (22). Segundo o marido, esta foi a quinta cesárea de Keyla, que já é mãe de outros três filhos, além de Ravi, o recém-nascido.
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A mulher deu entrada no Hospital Materno Infantil de Laranjeiras no dia 14 de maio, domingo de dia das mães. De início, o marido já relatou que haviam muitos médicos residentes na sala de operação, que estavam recebendo instruções de como proceder na cirurgia.
A tia de Keyla também conversou com a reportagem, e contou que a própria Keyla havia relatado que os médicos realizaram o parto e a deixaram por mais de uma hora com os órgãos expostos antes de realizar o procedimento de sutura.
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Mulher apresentou hemorragia pós-cesárea
No entanto, o bebê nasceu com saúde e recebeu alta com a mãe, que foram embora do hospital. Chegando em casa, pouco tempo depois o marido contou que Keyla passou a reclamar de dores internas e mostrar sangramentos. Mas, a própria moça acreditava ser sintomas normais de um pós-cesárea.
Esta situação se estendeu por alguns dias, e a própria tia relatou que Keyla estava sangrando bastante, principalmente pela urina. Até que no sábado (20), a moça piorou bastante e sua mão então decidiu levá-la até a UPA de Serra-Sede.
Médicos da UPA usam seguranças para afastar família da moça
Segundo o marido, assim que Keyla deu entrada no local, os médicos aplicaram diversos medicamentos como clonazepan e dipirona, apenas para conter as dores da moça. O marido ainda relatou que na noite de sábado, os médicos se trancaram no quarto para dormir e ainda deixaram um segurança para impedir que ele fosse pedir ajuda ou cobrar providências com a relação da esposa.
Paciente dá entrada no Hospital Jayme
Por volta de 5h da manhã do domingo (21), os médicos se deram conta da gravidade do problema de Keyla e a encaminharam para o hospital Jayme dos Santos Neves. Segundo o marido, foi exatamente isso o que ele ouviu dos médicos no momento da transferência.
“Paizinho, você vai com ela para lá (Hospital Jayme), porque lá tem raio-x, eletrocardiograma, para passar ela na máquina, porque eles vão ver o que tem no intestino dela, que está errado”
Assim que Keyla chegou com o marido no Hospital Jayme dos Santos Neves na manhã de domingo (21), já foi colocada em uma maca, onde recebeu uma bolsa de colostomia para estancar o sangramento. O marido ainda relata que muitos médicos se juntaram no local devido à gravidade do problema. Inclusive, uma das médicas que esteve presente no parto de Keyla também estava no Hospital Jayme neste exato momento.
Paciente passa por mais uma cirurgia de emergência
Em seguida, Keyla foi imediatamente levada para a sala de cirurgia, para que os médicos pudessem abrir e checar o que estava acontecendo.
Neste momento, a família de Keyla se dá conta de que a moça estava com um corte na bexiga, que estava lhe causando uma hemorragia interna por todos esses dias. Os médicos tiveram que prontamente cortar um pedaço da bexiga para conter a hemorragia e ainda remover o útero da moça.
Este processo de emergência teria causado também uma hemorragia no estômago de Keyla, e por isso também tiveram que remover um pedaço do estômago da paciente, causando outras complicações para organismo de Keyla.
Em seguida, Keyla foi enviada para o CTI e a família foi aconselhada a ir para casa e retornar na segunda-feira, para acompanhar a internação da paciente. Mas, segundo o marido, sua esposa já estava morta antes mesmo de chega ao CTI.
“Só que aquele momento que eles tiraram minha mulher, e eles me mostraram ela… ela já estava morta. Eu tenho certeza disso, eu vi, ela já estava morta. Mas eles não quiseram me falar. Mas ela já estava sem vida ali, que eles sabiam da merda que eles fizeram”
Na manhã de segunda-feira (22), o hospital liga para a família, pedindo que compareçam hospital. O marido relata que já no caminho estavam chorando ao lado da mãe de sua esposa, pois sabiam que ela havia morrido. No hospital, a família recebe a notícia da morte de Keyla.
Família acusa Hospital Materno Infantil de causar a morte de Keyla
Sendo assim, a família acusa o Hospital Materno Infantil e de seu corpo médico responsável pelo parto de Keyla, de negligência durante o operatório. A bexiga da paciente teria sido perfurada durante a cesárea, e mesmo assim, a paciente foi mandada para casa, onde teve todas as complicações que causaram sua morte.
Reportagem entrou em contato com a secretaria de saúde da Serra
A reportagem do Serra Noticiário entrou em contato com a assessoria da Secretaria de Saúde para cobrar explicações sobre o caso e investigações sobre uma possível negligência que custou a vida de uma mãe de quatro filhos. Em nota, a assessoria respondeu que:
A Prefeitura da Serra, através Secretaria Municipal de Saúde acionou o Comitê para Investigação de Óbito do Hospital Materno Infantil. O comitê já esteve presente no Materno Infantil e no Hospital Jayme dos Santos Neves levantando a documentação necessária para a emissão do relatório. Além disso também foi solicitada a documentação onde Keila Barbosa Siqueira fez o acompanhamento de pré-natal.
Quatro filhos chamam pela mãe
Com a morte de Keyla, uma família inteira perde um ente querido, principalmente seus quatro filhos ainda crianças, incluindo o recém-nascido, que está sob os cuidados do pai. O marido conta que se mudou com a criança para outra casa, pois não conseguia ficar em sua residência convivendo com as lembranças de Keyla.
A família está completamente em luto e mais do que isso, com desejo de justiça pela morte da moça, que ainda tinha uma vida inteira pela frente. Os próprios parentes de Keyla chamam o Hospital Materno Infantil da Serra de um “açougue”, sem nenhum zelo pela vida humana.
A reportagem do Serra Noticiário continua acompanhando o caso de perto e trará novas informações assim que possível.