Eleitor conservador poderá escolher entre experiência e juventude

A última eleição para o Senado, em 2018, deu o recado: O capixaba quer mudança.

Empolgados por esse sentimento, os capixabas elegeram Marcos do Val, um ex-militar armamentista que era famoso no meio policial, e o ex-delegado da Polícia Civil Fabiano Contarato, que se apresentou como um defensor da família e da ordem. Este último rapidamente mostrou, definitivamente, que está no outro espectro: defendeu bandeiras progressistas, endossou discursos ideológicos de esquerda, fez forte oposição ao governo Bolsonaro e, por último, filiou-se ao PT de Lula. Orgulho para alguns, decepção para outros.

O fato é que o Espírito Santo ainda se mostra um estado de maioria conservadora, e essa constatação encontra sentido quando observamos o comportamento de grande parte dos políticos, que estão acostumados a balizar seus discursos com base em pesquisas e orientados por marqueteiros. Até mesmo alguns com raízes socialistas medem as palavras e adotam o tom centrista. O atual governador e sua equipe que o digam.

Considerando que as principais pautas ideológicas são resolvidas em Brasília, dada a competência da União para legislar, a expectativa é que a maioria das cadeiras federais sejam novamente ocupadas por perfis de centro-direita.

Para o Senado Federal, o nome mais conhecido da ala conservadora é o de Magno Malta. Deputado Federal por 8 anos e Senador por 16 anos, Magno é tido por muitos como o grande defensor dos princípios cristãos no Congresso. Sua ampla história no meio evangélico, a proximidade com Jair Bolsonaro e o perfil combativo o credenciam como o favorito da direita para voltar à Brasília. Pesa ao seu favor a experiência e a grande estrutura que o permite alcançar milhões de pessoas nas redes sociais. Pautas como a pedofilia, a criminalização do aborto e a defesa pela institucionalização de princípios judaico-cristãos nos costumes sociais são o carro chefe de Malta, que também atuou com destaque na CPI do narcotráfico em 1999 e defendeu com veemência a distribuição dos royalties do petróleo a favor do Espírito Santo em 2012.

O que pode atrapalhar o ex-senador bolsonarista é o “desgaste” em torno de seu nome, já que trabalhou por 24 anos em Brasília e constantemente lidera as pesquisas de rejeição no estado. Alguns grupos relembram o tempo que Magno figurou ao lado de Lula e Dilma, e esse histórico causa desconforto entre os defensores mais ferrenhos.

Porém, a falta de nomes de peso até o momento e sua prévia declaração de que seria candidato novamente, que o fez “largar na frente”, podem ser trunfos para garantir mais 8 anos de mandato para o experiente Magno Malta.

Correndo por fora e sendo reconhecido como um perfil conservador, o vereador da Serra Professor Artur Costa, que também já garantiu que disputa o Senado, pode ser a outra opção para este público em 2022. Menos badalado, novo na política e com bem menos estrutura que Malta, Artur tem se destacado entre os conservadores serranos por seus posicionamentos incisivos, suas defesas por pautas de direita e seu perfil jovem, que sempre é um bom atrativo para o eleitor brasileiro.

Eleito em 2020, o Professor já “destoou” de sua classe ao defender a volta às aulas quando a maioria dos professores eram contra. Foi de Artur também o Projeto de Lei que pretendia classificar a atividade física como essencial mesmo em momentos de pandemia. Recentemente, o vereador causou polêmica ao protocolar um Projeto de Lei que veda a exigência do passaporte sanitário na Serra. Em suas redes, é comum ver posicionamentos sempre muito bem embasados e fugindo do tom radical. Essa, inclusive, pode ser a vantagem de Artur na busca pelo voto conservador capixaba. Se uma parte deste público gosta dos calorosos debates, das falas de efeito e do perfil reativo de Magno Malta, uma outra parcela tem procurado perfis menos radicais, que defendem as pautas sem atrair a antipatia de outros políticos e eleitores. O fato de ser professor, defensor do esporte e da educação especial e inclusiva, trazem para Artur esse ar mais comedido. A prova de que o vereador da Serra tem tido êxito nesse sentido é sua capacidade de dialogar com a Prefeitura (de Sérgio Vidigal, pedetista de carteirinha), e com os demais vereadores na Câmara. O que pesa contra Artur é a desconfiança do eleitor em relação ao seu partido, o Solidariedade, que na esfera nacional sempre busca parcerias com partidos de esquerda. Outro ponto que desafia o jovem político é o desconhecimento do eleitor de fora da Serra, já que ele estará concorrendo em uma eleição majoritária, que precisa de uma estrutura robusta e um nome muito bem ventilado.

Não sabemos se a única vaga disponível ao Senado será de um político de direita, já que essas candidaturas tendem a dividir o público e beneficiar o outro lado, tampouco sabemos se o perfil que vai prevalecer será o da experiência ou o da juventude, mas o conservador capixaba pode, ao menos, ter a certeza de que vai ter mais de uma opção em 2022.