No último feriado nacional, ocorrido no dia 15 deste mês, em um dia marcado pelo calor intenso, com temperaturas beirando os 41ºC, segundo militares, um episódio trágico ocorreu durante o IX Curso de Cinotecnia do Batalhão de Ações com Cães (BAC) da Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (PMES).
O treinamento, realizado durante feriado da independência na sede da Cavalaria no município de Cariacica, culminou na morte do cão policial K9 Shark e no grave estado de saúde do cão Kratus, ambas vítimas de condições extremas e práticas questionáveis.
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Circunstâncias do incidente
De acordo com militares que conversaram com a reportagem, durante a instrução extra, iniciada às 10h sob a coordenação de um capitão da PM e sem uma nota de instrução formal, os cães foram submetidos a uma corrida intensa em meio ao calor abrasador. O comandante do batalhão havia recomendado cautela devido às altas temperaturas, mas o aviso parece ter sido ignorado.
Contudo, Shark, um dos cães participantes, realizou todo o percurso usando uma focinheira de combate, que restringiu severamente sua respiração e capacidade de termorregulação.
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Desta forma, aliado ao calor extremo, levou à sua morte por suspeita de hipertermia. Kratus, outro cão envolvido, foi internado em estado grave em uma clínica na Serra. Segundo os policiais militares, outros cães também passaram mal, apresentando vômitos.
Histórico de negligência
Ainda de acordo com os militares, este não é o primeiro incidente de maus-tratos sob a gestão atual do BAC. Há cerca de três meses, outra cadela, Magalu, morreu após ingerir grama contaminada com herbicida, um incidente também ligado ao mesmo capitão. Além disso, a reportagem apurou que um dos mais qualificados especialistas em cinotecnia policial do Brasil, um major da PMES, foi afastado do batalhão devido a desavenças com a gestão atual.
Prejuízos e consequências
Conforme apurado pela reportagem, a morte de Shark e o estado de Kratus representam não apenas uma perda emocional, mas também um prejuízo financeiro significativo para o estado, considerando que cada cão policial custa aproximadamente R$ 45.000.
Pois segundo os militares, a ausência de uma autópsia para Shark e a falta de ações corretivas após a morte de Magalu levantam questões sobre a responsabilidade e a transparência da gestão do BAC.
Investigações e responsabilidades
A reportagem do Serra Noticiário, prezando pela qualidade jornalística, fez contato com a Polícia Militar. Em busca de esclarecimentos sobre o trágico incidente no Curso de Cinotecnia do Batalhão de Ações com Cães (BAC), que resultou na morte do cão Shark e no estado grave de Kratos.
A reportagem questionou a PMES sobre as ações tomadas após o incidente, considerando as alegações de imprudência e negligência, especialmente diante da onda de calor extremo. Entretanto, nenhuma reposta.
Tentativa de acobertamento
Diante da ausência de resposta ao primeiro contato, o Serra Noticiário fez um segundo contato com a Polícia Militar do Estado do Espírito Santo (PMES), desta vez para abordar as acusações de acobertamento relacionadas ao caso. Militares, que preferiram não se identificar, acusaram outros oficiais da corporação de tentar proteger o oficial responsável pelo treinamento que resultou nas tragédias.
Este segundo contato visava obter um posicionamento da PMES sobre as alegações de que estaria havendo um esforço interno para ocultar informações e proteger o oficial envolvido. Até a publicação desta reportagem, a PMES não respondeu nenhum dos contatos. Aumentando as preocupações sobre a transparência e a integridade na gestão do caso.