Na última semana, o Serra Noticiário esteve na vanguarda no combate aos eventuais abusos e irregularidades praticados por alguns agentes da GCM. A exemplo da matéria que mostrou com exclusividade as agressões realizadas por agentes da Guarda Civil Municipal durante abordagem na praia de Jacaraípe, cidade de Serra. O caso ganhou repercussão e a reportagem conseguiu colher depoimentos das vítimas do caso e trazer ao público todos os detalhes do ocorrido.
A Guarda da Serra, sob a gestão de Sergio Vidigal (PDT) e sua comandante Lais Araújo, tem sido palco de diversos escândalos, que vão desde a violência contra cidadãos trabalhadores, até perseguições a agentes dissidentes.
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População toma coragem para denunciar!
Essas matérias desencadearam uma série de denúncias contra agentes da Guarda Civil Municipal da Serra, que agiram de forma truculenta e até criminosa contra moradores e cidadãos do município.
Um homem de 45 anos, morador de Jacaraípe, técnico em mecânica e robótica de profissão, que há mais de 20 anos trabalha embarcado, conseguindo construir uma vida confortável e próspera na cidade de Serra.
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Morador é alvo de batida da GCM em sua residência
O homem conta com o apoio de sua advogada que em outubro de 2022 quatro agentes da Guarda Civil Municipal da Serra o abordaram juntamente com mais três pessoas em um veículo na Serra. Segundo José, os agentes perceberam a qualidade do seu veículo e que ele se tratava de uma pessoa com boa condição financeira.
Imediatamente, esses agentes teriam o hostilizado, afirmando que ele era bandido e, portanto, deveria lhes entregar o dinheiro e os materiais ilícitos. A vítima conta que não tinha nada de ilícito em sua posse. Em seguida, o homem foi colocado na viatura e encaminhado até a sua residência. No local, os agentes teriam arrombado a porta e roubado dinheiro, objetos e produtos do local.
Não satisfeitos, esses quatro agentes da GCM teriam levado o homem preso até a delegacia e supostamente forjado uma posse de arma de fogo e munições para que ele permanecesse detido.
Dentro do meu carro tinha um documento que tinha o meu endereço, então eles pegaram aquele documento com o endereço da minha casa, me colocaram na viatura e me trouxeram até na minha casa. Chegando na minha casa, eles não tiveram acesso à minha casa porque portão, porta, grade, estava tudo fechado. E a chave da minha casa ficou dentro do carro que eles liberaram com a pessoa não habilitada e com as outras pessoas que estavam no local comigo. Aí eles arrombaram o meu portão, eles arrombaram a porta da minha casa, eles invadiram a minha casa, furtaram a minha casa, e depois me levaram para o DPJ com algumas munições, com uma arma caseira alegando que era minha.
Depoimento da vítima
Prejuízos de mais de R$ 26 mil e processo na corregedoria
Na delegacia, o homem foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana e depois liberado na audiência de custódia com o juiz. A vítima afirma que entre dinheiro e pertences, cerca de R$ 26 mil foram levados de sua residência. Indignado com a situação que havia passado, o homem tomou providências na justiça.
Inclusive, o homem afirma que havia um envelope com cerca de R$ 16 mil, que ele iria depositar no dia seguinte referente a uns pagamentos. O envelope e o dinheiro teriam sido levados pelos agentes, de acordo com o denunciante. Esse dinheiro, segundo o homem, teria vindo da venda de alguns filhotes de American Bully, uma raça rara de cachorros que ele tinha em sua casa.
Quatro agentes acusados de envolvimento no caso
Dessa forma, o homem decidiu entrar com um processo na corregedoria contra esses agentes acusados de roubarem sua residência e forjarem provas contra ele na delegacia.
O homem afirma que todo o material apreendido em sua residência não foi entregue à delegacia, apenas a arma e munição, que ele afirma ser uma prova forjada por esses agentes. Cerca de uma semana após denunciar o caso na corregedoria, a vítima afirma que viaturas da GCM passaram a circular pela sua casa e começou a receber contantes ameaças.
Ameaças e suposta prisão arbitrária por parte da GCM
Até que um agende da ROMU, o abordou próximo de sua casa e começou a fazer ameaças. Após o homem supostamente não ceder à pressão do agente, ele foi colocado na viatura e começou a circular por diversos bairros da Serra, enquanto o agente falava com alguém ao telefone.
Tempos depois, o agente teria retornado ao bairro Planície da Serra, recolhido três buchas de maconha e seguido com o homem até a delegacia, onde ele foi autuado como usuário de drogas e depois liberado.
BU da GCM com versão bem diferente da vítima
O que chama a atenção é a descrição dada pelos agentes nessa ocorrência. No BU da prisão do denunciante, é possível ver que os agentes alegam que receberam uma denúncia de atitude suspeita em um veículo próximo ao terminal de Jacaraípe. No carro, os agentes alegam terem encontrado armas, e mesmo assim liberaram três ocupantes do veículo, ficando apenas com o denunciante detido.
Além disso, os agentes alegam que o próprio homem admitiu ter mais armas escondidas em sua residência e o mesmo levou os agentes até sua casa, abriu a porta e deixou com que encontrassem apenas os materiais ilícitos.
O estranho, é que nas imagens oferecidas pelo denunciante, mostram a casa completamente revirada e marcas de arrombamento na porta. Além disso, no BU não cita nada sobre pertences ou dinheiro levados da casa, assim como afirma a vítima.
Homem quer limpar seu nome com a justiça
O homem afirmou que a coragem para denunciar esse caso ao Serra Noticiário e se expor dessa maneira vem da vontade de limpar seu nome com a justiça, por crimes e condições que ele alega serem forjadas por esses agentes. O denunciante revela que vem de uma família de pessoas trabalhadoras e honestas e nunca teve problemas com a justiça em mais de 40 anos de vida.
Dessa forma, para ele é uma tristeza muito grande ver seu nome envolvido nessas situações criminais, das quais ele afirma ser inocente:
“Eles falaram que se eu continuasse com esse processo, se eu continuasse com o que eu estava fazendo, eles iam ligar pra minha empresa e falar que eu sou traficante, que eu sou bandido, entendeu?“
O homem continuou dizendo que:
“Então, eu não vou deixar me corromper, porque se eles fizerem isso comigo, amanhã ou depois eles podem pegar um sobrinho meu, eles podem pegar um irmão meu, eles podem pegar um irmão seu, entendeu? E eles estão sem limite, eles estão sem controle. A guarda de Vila Velha, a guarda de Cariacica, a guarda de Vitória, não é da forma que a Serra, não. Por quê? Porque o próprio Vidigal colocou os comandantes corruptos.”
Suspeita de um líder por trás do esquema
Uma das situações que a vítima levantou foi sobre um possível líder por trás de todo esse suposto esquema. Já que a todo momento os agentes permaneciam em contato por telefone, como se alguém estivesse passando as instruções de como agir e do que fazer durante as ações. Assim como no dia do arrombamento da residência ou na prisão uma semana depois, os agentes não saíam do telefone.
Na abordagem ele está no telefone com outra pessoa, ele invadiu a minha casa com o telefone com outra pessoa. O agente uma semana depois quando foi me abordar e me forjou com três buchos de maconha, ele também estava no telefone com outra pessoa. Então tipo, parece que eles têm costa quente, parece que eles fazem as coisas tendo instrução de outra pessoa. E aí foi onde eles me botaram na viatura, o Agente, rodou o bairro quase todo comigo, rodou Porto Canoa comigo, desceu para Laranjeiras, voltou a Norte Sul, entrou no meu bairro de novo, falando com a pessoa no telefone.
Corregedoria não mostra evolução nos processos
Assim, uma das maiores queixas da vítima é sobre a falta de ação da corregedoria. Afinal, o caso ocorreu em outubro de 2022 e até então não houve qualquer medida contra esses agentes ou qualquer efeito suspensivo para investigações sobre essas denúncias. De modo que, a suposta vítima se vê desamparado pela corregedoria e decide abrir o caso ao púbico.
Prefeitura e Guarda da Serra ignoram a reportagem
A reportagem do Serra Noticiário entrou em contato com a assessoria da secretaria de segurança para questionar a demora e saber em que fase estaria esse processo movido na corregedoria da Guarda Civil Municipal da Serra, mas até o momento desta publicação, não obtivemos respostas.
Também tentamos realizar contato com os agentes citados, mas seus perfis no Instagram ou números de telefone não foram encontrados, mas o espaço encontra-se aberto para apresentação de defesa com o devido destaque jornalístico.
O Serra Noticiário continua acompanhando o caso de perto e trará novas informações assim que possível.
Compromisso do SN com a verdade e segurança da população
Desde as primeiras denúncias, o Serra Noticiário se colocou à disposição da população para denunciar e divulgar quaisquer casos ou suspeitas de abuso de autoridade e supostos crimes cometidos por agentes da Guarda Civil Municipal da Serra.
Ressaltamos que em toda a nossa existência como veículo de mídia alternativa na Serra, sempre demos voz e exaltamos o trabalho da Guarda Civil Municipal da Serra. Assim, reforçamos que o nosso objetivo não é manchar ou descredibilizar a imagem da instituição, mas sim dar voz para que tanto a população quanto os agentes da GCM possam ser ouvidos e colocarem suas versões do caso.
No entanto, por ordens superiores, o Serra Noticiário não recebe mais respostas de autoridades do setor público municipal da Serra. Essa medida é não só antidemocrática, como também censura o livre trabalho jornalístico, assim como a lei de informação. Apesar de tudo, continuaremos o nosso trabalho dia após dia para trazer informações, notícias, acontecimentos e entretenimento para o público serrano, assim como sempre fizemos em toda a nossa trajetória.
Atualização:
Reviravolta: vídeo contraria versão do homem que acusou agentes da Guarda da Serra