Na manhã desta quarta-feira, a reportagem do Serra Noticiário recebeu de leitores, uma foto de uma carta escrita à mão, que supostamente viria de um interno do Presídio de Segurança Máxima I, de Viana. Além da foto, um áudio foi recebido, onde supostamente seria a mãe desse interno, relatando que o conteúdo dessa carta seria verídico.
No áudio recebido, uma mulher com a voz embargada de choro, pede ajuda aos membros de um grupo nas redes sociais para espalhar a mensagem da carta escrita por seu filho, supostamente um dos internos do Presídio de Segurança Máxima I. Confira abaixo o que disse a mãe do detento.
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“Bom dia pessoal, venho aqui comunicar do meu filho, pedir socorro, porque o negócio tá feio lá dentro, ele pediu pra mim soltar essa carta aqui hoje, entendeu? Que não era pra soltar antes, estou soltando hoje. Minha nora teve visita íntima segunda (24), ele mandou essa carta, mandou se reunir, gente, tem muita gente no grupo, vamo para frente do palácio do governo vamo fazer alguma coisa. É pra jogar essa carta nas redes sociais, até chegar à autoridade, vamo espalhar aí gente, vamo socorrer eles.“
Na carta datada no dia 24/10, expõe ao decorrer de seu conteúdo uma espécie de pedido de socorro em nome de todos os internos do presídio. No conteúdo, os internos alegam que eles e seus familiares estão sendo submetidos a situações humilhantes e desumanas, e por conta disso, farão uma greve de fome em forma de protesto para que suas reivindicações sejam ouvidas.
Confira a transcrição da carta:
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Penitenciário de Segurança Máxima, Viana – ES
24/10/22
Viemos nós população carcerária através desta carta com um pedido de socorro a todos os órgãos competentes, OAB, direitos humanos e Ministério Público e a crimes carcerários, pois esse pedido de socorro vem num momento em que já não suportamos mais tanta humilhação e falta de humanidade para com a população carcerária e nossos familiares aqui dentro da P.SM.A.I, onde aqui na P.SM.A.I vem acontecendo torturas, espancamentos e quando denunciamos eles nos coagem e tentam através de ameaças impedir o trabalho de nossos advogados, nossas famílias estão sendo espoxtas de forma abusiva, onde até nossas crianças estão tendo que ficar peladas durante as revistas, nossas mães e nossas esposas tendo que mijar na frente das agentes femininas, humilhação tão grande que tá levando nossas famílias a nos abandonar, por isso decidimos fazer uma reivindicação pacifica sacrificando o nosso próprio corpo numa greve de fome para dar um basta, nessa tirania que está vindo por parte do diretor Rafael Cavalcante, chefe de segurança (parte ilegível) e chefe de inteligência conhecido como 99, juntamente com o chefe de equipe Marcelo Moura. E os agentes (parte ilegível), Bittencurte e Rosso.
Chegamos a ouvir por parte da equipe de segurança que se continuássemos a denunciar eles iam parar o ônibus da visita e tacar fogo com todas as famílias dentro, temos sofrido com falta de atendimento médico, psicossocial, dentista, assistência – social e se pedirmos os nossos direitos já é motivo de sermos espancados e isolados nas galerias D ou H onde o resto de dignidade que ainda temos é retirada, pois lá as torturas físicas e psicológicas e cortes de visitas se intensifica, pedimos que esse pedido de socorro chegue aos ouvidos de pessoas humanas e que compartilhem em redes sociais, para que nossos direitos sejam respeitados, pois temos direito a nossa integridade física e moral e a nossa família merece tratamento digno e amparado por lei.
Sacrificaremos nossos corpos para que a nossa voz possa ser ouvida além desses muros, e para que nossa família nosso bem maior nos visite com dignidade!
O que disse a Secretaria de Justiça
Diante de tais denúncias, a reportagem do Serra Noticiário entrou em contato com a assessoria de imprensa da Secretaria de Justiça do Espírito Santo, que administra os presídios e penitenciárias do estado.
A reportagem questionou se a SEJUS estava a par dessas acusações, e se sim, quais medidas estavam sendo tomadas. Por meio de nota, a assessoria informou que:
A Secretaria da Justiça (SEJUS) informa que a Corregedoria apura as denúncias e ressalta que mantém padrões de vigilância, de forma rotineira, para impedir a entrada de drogas e materiais proibidos na unidade em questão, sempre atuando dentro da legalidade.
Na manhã desta quarta-feira (26), internos de três galerias da Penitenciária de Segurança Máxima 1 se recusaram a receber a alimentação. A situação foi normalizada e a unidade já trabalha dentro da normalidade. A SEJUS esclarece, no entanto, que não houve motim ou rebelião na unidade, nem maiores tumultos.
A SEJUS reitera que todas as unidades prisionais do Estado são fiscalizadas pelos órgãos de controle da execução penal e que atua pautada na Constituição e na Lei de Execuções Penais.
Secretaria de Justiça
A Sejus não se pronunciou se estava a par da veiculação da carta recebida acima, nem sobre o seu conteúdo onde expressa de forma clara os maus tratos recebidos pelos internos, bem como os culpados por tais crimes.
A Secretaria de Justiça confirmou por meio da nota que, de fato, os internos estão recusando a alimentação fornecida pelo presídio, o que seria o ato de protesto organizado por parte dos detidos.
A reportagem do Serra Noticiário continua acompanhando o caso de perto e trará novas informações assim que possível.
