A cidade da Serra tem um alto número de filhos nascidos de mães que ainda são crianças e adolescentes. Não é exclusividade da Serra. Mas por aqui pouco ou nada se faz para prevenir o problema. É falta de empatia com essas meninas que, sem saber, estão fechando para si mesmas as melhores janelas que lhes permite contemplar e viver o melhor do seu futuro. Educação é com a família. Mas publicidade sobre graves problemas é com o poder público.
De acordo com números oficiais da Prefeitura da Serra, entre 2015 e 2017, nasceram 3,6 mil crianças de mães com entre 10 e 19 anos. Ou seja, a cada ano são cerca de 1.200 crianças cujas mães têm (pasmemos!) idade entre 10 e 19 anos. É um flagelo humano.
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Filhos são dádiva. O problema, entretanto, é outro: filhos que nascem de mães que estão com idade e instrução que as impedem de enxergar as gravíssimas consequências da gestação.
Primeiro, essas crianças e adolescentes que engravidam majoritariamente já são fruto de algum grau de desagregação do tecido familiar, abandono de pai ou mãe, violência, etc.
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Segundo, essas meninas, quando retornam à escola, dificilmente recuperam os prejuízos oriundos da evasão que a gravidez lhes causou. Terceiro, uma nova criança que chega ao mundo tem rebatimentos sobre o conjunto da sociedade e, por óbvio, da máquina pública, sustentada pela soma dos nossos impostos.
Nesse sentido, não cabe pensar o problema segundo a lógica do senso comum que, diante de uma menina grávida, faz parecer que “o problema é dela”. Não é. É de todos nós.
Uma jovem que abandona a escola perde a oportunidade de aprender um ofício de melhor remuneração e consequentemente de ajudar a sua família, mudando assim a trajetória de sua descendência. Pesquisadores sérios confirmam que cada ano de escolaridade pode se traduzir em 15% de aumento de salário. Mas este índice vai aumentar justamente após a conclusão da educação básica (Ensino Médio), ou seja, quando as evasões relacionadas com gravidez acontecem. Muitas dessas meninas não retornam. E a maioria delas voltam a engravidar ainda na fase em que poderiam reduzir os prejuízos causados pelo afastamento da escola.
Sem trabalho, sem instrução formal, e na maioria das vezes abandonadas pelo pai da criança (que tem a mesma faixa etária e padece dos mesmos problemas), restará a essa jovem recorrer à sua mãe para ajudar a criar a criança. Assim, nascem “os filhos da vovó”.
A gravidade se constata onde ela se concentra: na periferia das cidades. Quem anda, por exemplo, pelo Bairro Feu Rosa, Vila Nova de Colares, Bairro das Laranjeiras Planalto Serrando, etc, não conclui 500 metros numa via principal sem visualizar uma adolescente grávida ou empurrando um carrinho de bebê.
Portanto, como disse, pouco ou nada se faz em relação a esse gravíssimo problema. À frente do Ministério da Mulher, dos Direitos Humanos e da Família, a hoje Senadora Damares Alves criou a campanha “Adolescência primeiro, gravidez depois”. O prefeito de uma cidade do Rio Grande do Sul criou uma campanha com o Slogan “Só tenha os filhos que puder criar”. E espalhou vários outdoors na cidade. Por fim, em ambos os casos, a esquerda berrou na hora. Talvez por amor à miséria!
** Este texto não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Serra Noticiário
Sargento Maurício – Colunista Serra Noticiário – Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), 1° Sargento da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), cursou Ciências Sociais e Letras Português, professor, blogueiro e analista político.