A Polícia Civil do Espírito Santo (PCES), através da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC), foi acionada por meio de notícia crime para investigar uma suposta milícia digital atuando no município da Serra. De acordo com os documentos analisados pela reportagem do Serra Noticiário, a parte dos investigados é composta por aliados da atual gestão da Prefeitura da Serra.
A princípio, investigação visa identificar e responsabilizar as pessoas que compartilharam informações falsas visando prejudicar a imagem do deputado estadual Pablo Muribeca (Republicanos), pré-candidato a prefeito da Serra. Os crimes sob investigação incluem calúnia, injúria, difamação e formação de quadrilha, com as penas cumulativas podendo chegar a quase 7 anos de prisão.
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Quem são os investigados?
Entre os identificados na investigação está uma ex-recepcionista do Ambulatório Municipal de Especialidades da Serra, atuando por meio de uma empresa terceirizada da prefeitura. A ex-funcionária é acusada de disseminar vídeos de um personagem fictício chamado “Mestre Álvaro”, que supostamente associa falsamente deputado Muribeca a atividades criminosas.
A ex-recepcionista confessou durante seu depoimento que compartilhou o conteúdo contra o deputado. Ela também assumiu que possui passagem pela Federação das Associações de Moradores de Serra, uma entidade composta, em sua maioria, por líderes comunitários sempre alinhados ao prefeito no poder.
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Outro investigado, um ex-gerente de Regulação Médica da Secretaria Municipal de Saúde e atualmente ocupa o cargo de chefe de feiras e Mercados da Prefeitura Municipal de Serra, também é apontado como um dos disseminadores de informações falsas contra Pablo Muribeca.
Segundo os documentos, as investigações descobriram que este servidor utilizou dois números de telefone, registrados em seu CPF, para espalhar desinformação em grupos de WhatsApp, incluindo um grupo dedicado a assuntos de saúde no município.
A investigação ainda tenta localizar dois ex-servidores comissionados da Prefeitura da Serra, incluindo um enfermeiro e ex-candidato a deputado estadual pelo PDT em 2022, e uma ex-candidata a vereadora crítica da gestão de saúde anterior, ambos com ligações estreitas com o grupo político do atual prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT).
Além dos mencionados acima, existem outras pessoas sendo investigadas pelos mesmos crimes contra Pablo Muribeca, mas ainda não foram identificadas ou comprovadas as ligações delas com a atual gestão da Prefeitura da Serra.
Polícia Civil confirma as investigações
A reportagem entrou em contato com a Polícia Civil em busca de mais informações sobre as investigações dessa suposta milícia digital contra Pablo Muribeca. A Polícia Civil apenas informou que o caso está sob investigação da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos (DRCC) e que detalhes não serão repassados para não comprometer as investigações.
Pablo Muribeca quer justiça
Em resposta à reportagem sobre as investigações, o deputado estadual Pablo Muribeca expressou sua confiança na Justiça e nas Polícias Civil e Federal. O parlamentar afirmou que tomará todas as medidas legais necessárias contra as pessoas que se utilizam do cargo público para fazer essas falsas acusações.
“Estão recorrendo até mesmo a uma nova ferramenta, a inteligência artificial, na tentativa de me destruir. Todos os dias, recebo novas mensagens de ataque em minhas redes sociais por parte dessa gestão que não deseja perder o poder. Sofri ameaças de morte e fui coagido, mas continuarei firme, focado na cidade e no meu trabalho. Espero que a justiça atue o mais rápido possível. É inaceitável que pessoas em cargos públicos utilizem sua posição para espalhar ódio e falsidades contra mim.”
Pablo Muribeca
O que diz a Prefeitura da Serra?
Realizamos contato com a administração municipal da Prefeitura da Serra para obter esclarecimentos sobre o seu conhecimento a respeito das investigações e do envolvimento de servidores municipais no caso.
Buscamos também compreender as ações que a prefeitura pretende implementar para evitar acusações de uso indevido de cargos públicos com objetivos políticos. Por fim, indagamos sobre quais procedimentos a gestão municipal adotará caso os servidores em questão sejam formalmente indiciados pela Polícia Civil.
Por meio de nota, a Prefeitura da Serra esclareceu que não tem conhecimento da investigação, mas se colocou à disposição para colaborar com os órgãos competentes e não se responsabiliza pelas contas particulares dos servidores.
“A Secretaria de Inovação, Ciência e Tecnologia informa que desconhece a denúncia e reafirma sua política de proteção aos dados, coordenado pela secretaria e auditado pela controladoria. Se porventura for notificada pelos órgãos competentes está disposta a colaborar com a investigação. Informa ainda que contas particulares não são responsabilidade da gestão.“
Prefeitura da Serra
O que diz o Prefeito da Serra?
Solicitamos esclarecimentos ao prefeito da Serra, Sérgio Vidigal, caso ele tem conhecimento das investigações e quais ações podem ser adotadas para prevenir possíveis atos ilícitos por parte de seus aliados em redes sociais e aplicativos de mensagens. Além disso, questionamos sobre quais medidas poderão ser tomadas em relação aos aliados que, ocupando cargos na atual gestão, venham a ser indiciados pela Polícia Civil.
Apesar de utilizarmos diversos meios para contatar Sérgio Vidigal, a reportagem foi ignorada. Entretanto, continuamos aguardando uma manifestação do prefeito da Serra para oferecer maior transparência a essas questões de interesse público.
