Por um parque na Praia da Baleia pode aumentar o turismo na região de Jacaraípe?

A Serra tem uma população superior a 560 mil habitantes, distribuídos numa extensa área de 547.6 km². Aqui estão brasileiros que vivem sem conflitos de procedência regional, graves insultos de natureza étnica ou religiosa. Aqui todos professam fé no futuro, cuja construção pode ser testemunhada, por exemplo, nos lotados terminais de ônibus, por onde às 5h da manhã trabalhadores passam para, com a labuta, ganhar a vida honestamente.

Mas o presente indica que existe um descuido no planejamento e governança da cidade. É pouco provável que das cidades no Brasil com a força econômica Serra alguma delas tenha tão poucos parques urbanos quanto a nossa cidade. 

Dos parques públicos que existem na Serra, apenas o Parque da Cidade é digno de tal conceito – recuso-me a atualmente chamar o Jardim Botânico de Parque. Inegavelmente, a criação do Parque da Cidade foi um salto qualitativo, porque ele se tornou lugar de encontro de pessoas que cultivam uma vida saudável, o que representa benefícios individuais e coletivos.

Entretanto, o Parque da Cidade, pela sua localização, tem condições de atender apenas uma parte da população da Serra. Nesse sentido, urge que o planejamento da cidade considere a ampliação dos espaços de lazer no município, observando isso como parte das exigências que constituem o passaporte para a Serra se tornar uma cidade moderna, saudável e com bons espaços para a integração dos diferentes brasileiros que enriquecem a paisagem humana do município.

É exatamente por isso que há anos sou um dos defensores da criação de um Parque Urbano na Praia da Baleia. Lá existe uma extensa área clamando por uma ocupação. A localização não poderia ser mais estratégica, visto que está no coração de uma região que abrange bairros como Feu Rosa, Vila Nova de Colares, Manguinhos, Castelândia, Portal de Jacaraipe, Praia da Baleia, Curva da Baleia, além de toda a Grande Jacaraipe.

Nessa região moram mais 130 mil pessoas, sem falar da população flutuante, que tende a aumentar à medida que o turismo se tornar uma efetiva preocupação da gestão municipal. Essa demanda, cuja legitimidade é reconhecida por moradores de toda a área de abrangência, parece não sensibilizar o atual prefeito da Serra. Em recente reunião pública em Feu Rosa, fiz esse questionamento ao prefeito Sergio Vidigal. Ele fingiu que nada lhe foi perguntado.

A Serra hoje está submetida a um modelo de governança no qual reina uma verdadeira e estranha obsessão por praças. Nada contra, não fossem as inaugurações seguidas de um verdadeiro abandono, cuja evidência mais trágica é a absoluta ausência de fiscalização por parte da municipalidade, até mesmo de Quiosques, o que faz com que alguns deles possam se tornar pontos de consumo e comercialização de entorpecentes.

Depreende-se que, após se comprometer em fazer da quarta oportunidade de administrar a Serra sua melhor gestão, o atual prefeito Sergio Vidigal falhou na missão, com o agravante de que o tempo que lhe resta ser insuficiente para cumprir o que prometera. Sendo hoje a 39ª cidade mais rica do Brasil, a Serra precisa e deve ampliar o número de parques urbanos. E a Praia da Baleia é estrategicamente viável. Isso é parte indispensável do que pode colocar a Serra em sintonia com as cidades mais modernas e organizadas do Brasil e talvez do mundo.

** Este texto não reflete, obrigatoriamente, a opinião do Serra Noticiário

Sargento Maurício – Colunista Serra Noticiário – Formado em jornalismo pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), 1° Sargento da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), cursou Ciências Sociais e Letras Português, professor, blogueiro e analista político.