Recentemente, a invasão de um grupo de mães indignadas com a demora no atendimento no Hospital Infantil da Serra ganhou grande repercussão. O incidente, que se tornou viral, foi amplamente compartilhado em grupos de WhatsApp. O episódio mostrou um grupo de pessoas vasculhando o hospital, localizado em Colina de Laranjeiras, no município de Serra, em busca de médicos.
Segundo a nota divulgada pela Santa Casa de Misericórdia de Chavantes, responsável pela administração do Hospital Municipal Materno Infantil, em resposta à recente invasão, dois profissionais teriam ficado feridos enquanto tentavam buscar abrigo. “Em determinado momento, os profissionais do local precisaram buscar proteção por conta das intimidações. A situação causou ferimentos nos colaboradores, incluindo escoriações, contusões, picos hipertensivos e até síndrome de pânico.”
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Contudo, a violência contra médicos não é um fenômeno recente na história da Serra. Em 2017, durante a gestão do ex-prefeito Audifax Barcelos (PP), o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) realizou uma campanha incentivando os médicos a não trabalharem na Serra, devido à violência contra os profissionais e à falta de estrutura.
Há 7 anos, utilizando outdoors espalhados pela cidade e mensagens na internet, o Sindicato dos Médicos do Espírito Santo (Simes) aconselhava os profissionais da saúde a não trabalharem em unidades de saúde na Serra. De acordo com o sindicato, a recomendação se baseava no alto índice de violência contra médicos na cidade. O Simes fundamentava sua posição mencionando casos de invasões e arrombamentos de unidades de saúde, além de agressões diretas aos profissionais.
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Ao G1, o presidente do sindicato, Otto Fernando Baptista, relatou que os médicos estão desassistidos de vigilância patrimonial e armada nas unidades de saúde. “É uma terra sem lei. Segurança pública por parte do município é inexistente. E a situação piorou drasticamente nos últimos seis meses. Desde o mandato passado do prefeito a gente está preocupado com essa onda de violência ao profissional médico, e nada tem sido feito. São agressões físicas, verbais, ameaças de morte e depredação do patrimônio dele lá fora “, contou.
Na época, o presidente classificou a Unidade de Pronto Atendimento de Carapina (UPA) e a Unidade Regional de Saúde de Novo Horizonte como os locais com maior incidência de violência.
“A gente está recomendando que o médico não trabalhe na Serra. O município está pegando o médico incauto, jovem. Além de ter contratos precarizados, são expostos plenamente a esse tipo de violência. O sindicato tomou a iniciativa de colocar isso estampado. Estamos recomendando ao médico que não preencha porque não temos nenhuma garantia do colega trabalhar. Dessa forma, também estamos sensibilizando a população que há um descaso do prefeito.“
O presidente também informou sobre outro problema que afeta diretamente os pacientes: a chamada escala furada.
“Por exemplo, deveriam ter cinco médicos de plantão, mas tem de dois a três. Não tem como dar vazão a essa multidão. Essas pessoas vêm das unidades de saúde que não estão funcionando na Serra. Falta tudo: medicamentos e materiais de trabalho. Nosso departamento jurídico está pensando em processar o prefeito criminalmente por omissão e negligência. Está morrendo gente“, avalia.
Em campanha contra violência, sindicato pede que médicos não trabalhem na Serra